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Disco: “Niggas On The Moon”, Death Grips

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Death Grips
Hip-Hop/Rap/Experimental
http://thirdworlds.net/

Por: Cleber Facchi

Björk

A surpresa sempre foi parte do trabalho assinado pelo Death Grips. Desde a estreia com a mixtape Exmilitary, em 2011, a ausência de expectativa garantiu ao grupo californiano um campo aberto ao experimento. Dessa forma, o conjunto de álbuns lançados logo em sequência – The Money Store (2012), NO LOVE DEEP WEB (2012) e Government Plates (2013) – fez da ausência de informações, além do natural detalhamento complexo, um projeto sempre curioso para o público, agora parcialmente sufocado com a expectativa gerada em Niggas on the Moon (2014, Harvest/Third Worlds).

Primeira parte de The Powers That B – “quarto” álbum do grupo californiano e trabalho que será completo com a chegada de Jenny Death -, o presente disco parece sustentado e ao mesmo tempo prejudicada pelo anúncio de que Björk teria emprestado a própria voz para a formação do registro. E, de fato, lá está ela, em cada canto sujo ou base desconcertante da obra. Da abertura em Up My Sleeves, ao fechamento com Big Dipper, a cantora islandesa é a grande “arma” do trio norte-americano no novo disco, talvez, não como grande parte do público talvez estivesse esperando.

Quem busca por algo doce como It’s Not Up To You vai encontrar apenas o oposto. Esqueça as vocalizações alongadas de obras como Homogenic (1997), ou os gritos doces entregues em Post (1995). Como todo disco do Death Grips, os vocais (sampleados) de Björk servem apenas como um tempero para as rimas de MC Ride. Simples fragmentos, ou “objetos”, como ela própria definiu, para o trabalho ruidoso arquitetado por Zach Hill e Andy Morin. Niggas on the Moon é, antes de tudo, um disco do Death Grips e a presença de Björk um “mero” complemento.

Death Grips

Com a expectativa abandonada e esta percepção em mente, a travessia pelo ambiente obscuro lançado ao longo do álbum se revela de forma satisfatória. Mais uma obra de perversão dentro dos próprios conceitos do grupo, a primeira parte de The Powers That B parece apagar tudo aquilo que o grupo havia testado há poucos meses, em Government Plates. Enquanto o álbum de 2013 reforçou um evidente diálogo com a IDM, Industrial Rock e outras tendências musicais dos anos 1990, com a presente obra, Hill e Morin mais uma vez colidem ruídos sintéticos e batidas de forma propositadamente caótica.

Mais versátil do que os próprios vocais de Björk é a voz de MC Ride, fragmentada logo no início, em Up My Sleeves. Princípio de ordem para o restante da obra, a rima instável do rapper é o instrumento perfeito para que versos sujas (Have A Sad Cum) ou mesmo o próprio aproveitamento da “convidada” (Black Quarterback) se revele de forma coesa com o passar das faixas. Sentimental em alguns instantes (Voila), agressivo em outros (Fuck Me Out), Ride é a prova de que mesmo dentro do ambiente “descontrolado” do Death Grips há sempre uma direção exata. Ou algo próximo disso.

Claro que nem tudo é acerto e novidade em Niggas On The Moon. Boa parte dos argumentos – sonoros ou líricos – abordados ao longo da obra já foram testados em NO LOVE DEEP WEB. Basta Come up and get me e a semelhança com músicas recentes como Say Hey Kid e Up My Sleeves para perceber isso. Todavia, a capacidade do trio (ou agora quarteto?) em provocar é ainda maior, transformando o primeiro ato de The Powers That B em uma obra tão perturbadora (e intensa) quanto qualquer outro álbum do Death Grips. Apenas baixe as expectativas e lembre-se: este não é um disco de Björk.

 

Niggas On The Moon (2014, Harvest/Third Worlds)

Nota: 7.8
Para quem gosta de: Clipping., Danny Brown e Run the Jewels
Ouça: Black Quarterback e Fuck Me Out

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